Por Gourmet.
Embora não saiba dançar nada, sou um grande admirador das danças de salão e em especial do tango, pois o considero um ritmo de grande perfeição e que requer uma tremenda sincronia em cada um dos seus movimentos.
Como um bom cinéfilo não posso deixar de relacionar praticamente tudo a algum filme que já tenha assistido e tenho certeza que não sou o único que toda vez que ouve um tango chamado “Por una cabeza” de Carlos Gardel e Alfredo La Pera lembra quase que imediatamente da produção Perfume de Mulher (Scent of a Woman) que é a minha indicação para esse semana.
O longa metragem é um drama produzido em 1992, sendo até hoje o maior sucesso da carreira do diretor Martin Brest que também assina Um Tira da Pesada e Encontro Marcado. Sua história gira em torno do tenente-coronel Frank Slade (Al Pacino), um militar aposentado que após virar deficiente visual se torna uma pessoa depressiva e amarga, porém, acima de tudo, um grande apreciador dos prazeres mundanos como jogos, carros e mulheres.
Tudo começa quando o jovem Charlie Simms (Chris O’Donnell), aluno bolsista da prestigiada escola particular Baird, é testemunha de um trote aplicado por um grupo de “mauricinhos” comandados por George Willis Jr. (Philip Seymour Hoffman) no diretor da escola que acaba descobrindo que os dois alunos sabem que foram os responsáveis pelo ato, porém, afirmam não saber de nada. É claro que como a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, o diretor acaba ameaçando ambos de expulsão e dá aos dois o fim de semana do feriado de Ação de Graças para que reflitam e contem a verdade, pois caso não entreguem os culpados, eles próprios virão a ser punidos.
Assim, enquanto alguns vão aproveitar o feriado viajando e esquiando, Charlie consegue uma vaga de acompanhante para tentar ganhar um dinheiro extra. Contudo, mal sabia ele que esse trabalho lhe abriria a grande porta do amadurecimento e grandes aventuras estariam lhe esperando, pois cabia a ele a louca função de cuidar do atormentado Frank Slade.
Assim que os parentes de Frank saem de viagem, ele começa a arrumar suas malas e avisa a Charlie que estarão indo naquele instante para a cidade de Nova Iorque com o objetivo de realizar uma série de atividades como se hospedar num hotel cinco estrelas, desfilar em carros caríssimos, aproveitar literalmente tudo do bom e do melhor para ao fim de tudo atingir seu objetivo que é se despedir da vida cometendo suicídio.
Enquanto vai cumprindo cada atividade de sua lista de últimos desejos, Frank acaba adicionando mais uma tarefa a sua vasta relação, a de instruir Charlie em como se viver bem e principalmente na milenar arte da sedução. Para demonstrar que sua limitação visual não é empecilho algum, se aproxima de uma bela jovem e após uma breve, mas agradável conversa, ele a convida para dançar um tango. Claro que a jovem fica um pouco receosa e Charlie incrédulo de que o ex-militar será capaz de realizar a dança acaba cumprindo sua função ao dar as delimitações do salão solicitadas por Frank. Eis que nasce uma das sequências mais bonitas e marcantes da história do cinema moderno.
Além de sobreviver a essa viagem (a sequência em que Frank dirige uma Ferrari é sacanagem...Boa demais), Charlie ainda tem que resolver seu problema na escola para não ser expulso e ter seus sonhos acadêmicos jogados ladeira abaixo. Será que ele consegue se livrar dessa enrascada? Se você ainda não assistiu, não perca tempo, pois só assistindo ao filme é que saberá o que vai acontecer, já que tirando pouquíssimas exceções (afinal também não somos de ferro né), a regra é “SPOILER NÃO”, mesmo sendo um filme com quase vinte anos de lançado.
O filme tem momentos bastante pesados psicologicamente falando, porém, Martin Brest sabe dosar exatamente o tom dos sentimentos de tristeza e desespero com os de felicidade e carinho durante as sequências apresentadas, obtendo um equilíbrio que várias vezes hipnotiza o espectador, ou seja, um trabalho de mestre.
A produção é uma regravação de um filme italiano homônimo de 1974 estrelado por Vittorio Gassman e dirigido por Dino Risi e obteve seu sucesso ao receber 4 indicações ao Oscar (melhor filme, melhor ator, melhor diretor e melhor roteiro adaptado) e mais 4 ao Globo de Ouro (melhor filme-drama, melhor ator-drama, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro), saindo como o vencedor do Oscar de melhor ator e do Globo de Ouro nas categorias melhor filme-drama, melhor roteiro adaptado e melhor ator.
Trata-se de um ótimo filme para qualquer dia, capaz de demonstrar toda a capacidade de interpretação que Pacino possui, transformando os quase 150 minutos de filme em algo nada cansativo. Muito pelo contrário, transforma-os em uma oportunidade de assistir uma das melhores atuações de todos os tempos, daquelas que não basta ler a sinopse, mas confirmar com seus próprios olhos. Assista o trailer abaixo e providencie uma sessão caseira de cinema pra confirmar. Garanto que não irão se arrepender.
Fato relevante a ser relatado. Esse filme tem continuação, explico: Frank Slade (Al Pacino) um militar aposentado que após virar deficiente visual se torna uma pessoa depressiva e amarga, porém, ele começa a aproveitar literalmente tudo do bom e do melhor para ao fim de tudo atingir seu objetivo que é se despedir da vida cometendo suicídio. Até aí nenhuma novidade, mas o que esse filme não mostra é o pacto que ele faz para termos sua continuação. Durante o ritual ele volta a enxergar e torna-se um magnata desta vez tendo que se defender de todas as ocorrências cometidas no 1º filme. Contratando os serviços de Neo, quer dizer, Keanu Reeves "seu escolhido" em Advogado do Diabo. É nessa sequência que o Zé Mayer Al Pacino aprimora ainda mais suas já apuradas técnicas de sedução.
ResponderExcluirSensacional a "continuação" desse filme...rs
ResponderExcluirSó um fato que passou batido: A Mulher q dançou o Tango com "José Pacino mayer cego" é a Michelle Monaghan de Missão impossível 3(Em que tb tm Phillip Seymor Hoffman)
Ae vc pergunta: "E daí???"
rs